quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Com chuva rápida e forte, transtornos ''de sempre'' reaparecem em vários pontos de Campo Grande

Por Midiamax

"Parece que Campo Grande foi feita de açúcar nos últimos anos, porque qualquer chuva já derrete tudo", exagera Luiza Golçalves enquanto tenta passar pelas poças d'água rapidamente acumuladas em pontos de alagamento da avenida Júlio de Castilho, principal via da região oeste na capital de Mato Grosso do Sul.

O exagero da moradora tem motivo. Diversas regiões de Campo Grande se tornaram nos últimos dez anos altamente vulneráveis às precipitações.

Na chuva desta tarde de quarta-feira (29), que durou aproximadamente 40 minutos em vários pontos da capital, diversos pontos de alagamento foram registrados e estragos em asfaltamentos recentemente entregues foram causados.

Na região do bairro Arnaldo Estêvão de Figueiredo próxima ao Bairro Panorama, que não possui asfaltamento, uma enxurrada lamacenta tomou conta de várias ruas e calçadas. Segundo os moradores, o problema é comum devido à falta de um sistema de captação de água pluvial.

A avenida Júlio de Castilho, cuja revitalização já foi anunciada pelo prefeito Nelson Trad Filho, a região próxima do cruzamento com a avenida Presidente Vargas ficou mais uma vez totalmente alagada. "Antes a gente só via enchentes em casos extremos, mas agora, qualquer chuvinha enche tudo", compara a Luiza.

A mudança percebida pela moradora está diretamente ligada ao crescimento desordenado da cidade, segundo os especialistas em planejamento urbano. Como Campo Grande é uma cidade plana, e passou por um processo de rápida impermeabilização, muitos pontos de alagamento surgiram onde as enxurradas não possuem área de escoamento nem de infiltração.

Chuvas mais intensas

O metereologista Natálio Abrahão Filho, em entrevista a uma rádio da capital, falou sobre o motivo das pancadas de chuva cada vez mais intensas sobre Campo Grande. Segundo ele, nuvens de grandes espessuras, com quantias de água equivalentes a vários dias de chuvas, estão condensando em poucos minutos.

Segundo Natálio, essa condensação tem acontecido de forma acelerada por diversos fatores ambientais, como o aumento de gases poluentes na atmosfera e o aquecimento global.

Além disso, problema no planejamento de obras públicas, como asfaltamento de ruas sem sistemas eficientes de captação das águas pluviais e até com erros de inclinação agravam o problema. A diminuição na área permeável da cidade, ou seja, aquelas partes dos terrenos que ficam "na terra", sem calçamento, completam o quadro para o caos.

Asfalto "porcaria"

"Isso é que é um asfalto porcaria! Você pode por ai na sua reportagem, porque esse trecho aqui que você tá vendo foi refeito esses dias atrás ai, quando estavam mexendo pra arrumar a Ricardo Brandão", indigna-se a comerciante apontando para uma parte da rua Joaquim Murtinho que simplesmente quebrou durante a chuva.

O trecho, ainda com aparência de asfalto novo, não resistiu às águas e o asfaltamento rompeu, elevando-se e atrapalhando o trânsito.

No bairro Zé Pereira, mais problemas. Segundo os moradores da rua Angatuba, que margeia um córrego, a chuva provoca grandes enxurradas e o asfaltamento, mesmo novo, "pipoca de buracos". Maria Madalena Dias, que mora no local, lembra do preço cobrado pelo asfalto ao reclamar dos problemas. “Estou pagando quase R$ 60,00 por mês, mas sei de gente que recebeu conta maior que R$ 1 mil. Pelo preço cobrado, acho que este asfalto da nossa rua deveria estar impecável”, diz.

O problema dos asfaltos "de açúcar", como disse a moradora, já tem causado transtornos há tempos em Campo Grande. Em outubro, moradores recalamaram da Via Morena, que ligará o Aeroporto ao centro da capital e, antes mesmo de ser inaugurada, já possuia vários buracos e "esfarelamentos".

No época, a empreiteira refez o trecho e liberou o trânsito no local. A obra, que recebe investimento de R$ 13,9 milhões, está em andamento. O prefeito de Campo Grande, Nelson Trad Filho, disse que a qualidade das obras realizadas para a Prefeitura é de inteira responsabilidade das empresas contratadas.

“A responsabilidade de uma obra quando é feita pela empreiteira é dela. Com a fiscalização da prefeitura como sempre teve, não vamos receber serviços malfeitos”, assegurou o prefeito Nelsinho.

Foto: Alessandra de Souza

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