sábado, 14 de janeiro de 2012

Quadrilha de instrutores do Detran e médicos vendiam CNHs entre R$ 800 e R$ 3.000

Para retirar a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) condutores de Mato Grosso do Sul e até do Paraná desembolsavam entre R$ 800 e R$ 3.000. A informação foi investigada pela Corregedoria do Detran (Departamento Estadual de Trânsito) e confirmada na tarde desta sexta-feira (13) durante coletiva na DGPC (Delegacia Geral de Polícia Civil).

A operação, comandada pela delegada Aline Lopes, com conhecimento do diretor interino do Detran Francisco Libório Silveira, foi deflagrada na madrugada desta sexta. Os 20 mandados de prisão foram entregues aos policiais da Defurv (Delegacia Especializada de Roubos e Furtos de Veículos) lacrados, mantidos em sigilo até esta manhã.

De acordo com Aline Lopes, a diretoria do Detran recebeu uma denúncia em setembro de 2011, sobre um esquema de facilitação na emissão de CNHs. Desde então, a corregedoria tem investigado o caso. A quadrilha atuava há três anos.

Foram constatadas facilitações nas provas práticas da emissão de CNHs das categorias A, B, C, D e E. Instrutores de autoescolas e aplicadores de prova do Detran, cúmplices em uma quadrilha, articulavam com os candidatos vendas de pacotes para exames médicos e práticos. Os valores dos pacotes, dependendo do que seria facilitado no teste, variavam de R$ 800 a R$ 3.000, em valores parcelados. À vista, o pacote saía por R$ 2.500.

Analfabetos entregavam outros comprovantes de residência para realizar testes em cidades do interior, como Juti, Caarapó, Douradina, Dourados e Itaquiraí, onde as pistas de testes são menos complicadas que as de Campo Grande, segundo Aline.

O Detran/MS é composto por cerca de seis bancas examinadoras fixas, que percorrem o Estado realizando testes. Uma delas era composta por pessoas envolvidas no esquema de facilitação, inicialmente identificado em Naviraí.

Um médico foi preso e outro está foragido. Eles facilitavam a aprovação no teste de aptidão física a pessoas com deficiência, como as de visão, uma delas considerada grave pela corregedora.
Ao todo, 17 pessoas foram presas, entre instrutores, 6 examinadores do Detran, dois proprietários de autoescolas, funcionários da Fapec, aplicadores de provas e um médico. Eles estão na sede do Garras e da Defurv. São oito presos do interior e 11 pessoas de Campo Grande, sendo um médico foragido.

Festas regadas a bebidas e mulheres
“Os instrutores e aplicadores de exames distribuíam o dinheiro ganho em festas regadas a bebidas e mulheres”, disse Aline Lopes.

Eles responderão por formação de quadrilha, corrupção ativa, corrupção passiva e falsificação de documentos. As pessoas que retiraram as CNHs de forma ilícita terão a licença para dirigir cancelada. Como o esquema funciona há três anos, ainda não é possível mensurar quantas pessoas foram beneficiadas.

Nesta sexta-feira, nove pessoas foram ouvidas. Entre elas, 8 confessaram participação nos crimes.

Corrupção
“Não é o primeiro caso de corrupção registrado no Detran e, infelizmente, não será o último”, disse o diretor Francisco Libório.

Ele disse que o órgão lamenta o episódio, mas que é praticamente impossível acabar com a corrupção. “Onde há seres humanos há corruptos. O que podemos fazer é trabalhar de forma brilhante como a corregedora Aline e surpreender as ações fraudulentas”, completou.

Por Midiamax

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