Aproximadamente 3 mil médicos em todo o Estado cruzam os braços para atendimentos eletivos aos pacientes de planos de saúde nesta quinta-feira. Eles exigem melhores salários e condições de trabalho, tanto na saúde pública quanto particular, e reivindicam, entre valores específicos para certos tipos de procedimentos, um mínimo de R$ 80 para as consultas.
Vestidos com jalecos e fitas pretas atadas nos braços, representantes de várias entidades médicas se reuniram hoje em coletiva com a imprensa. Estavam presentes os presidentes do CRM (Conselho Regional de Medicina) Juberty Antônio de Souza, Sindicato Médico Marco Antônio Leite, Associação Médica Eliana Patrícia Maldonado Filho, e o presidente da Câmara Municipal Paulo Siufi (PMDB).
“Não dá para falar da saúde sem falar de seus agentes, sem falar dos seus médicos”, disse Juberty. “Temos sido alvo de todas as criticas. Os médicos, de certa forma, têm sido condicionados e acusados das mazelas do serviço publico. Mas quem é mais explorado e mais desrespeitado acaba sendo o médico”.
De acordo com o presidente do CRM, somente as consultas não serão realizadas hoje. Ele garantiu que profissionais que atuam nas áreas de urgência e emergência trabalham normalmente.
A manifestação é feita nacionalmente. Os profissionais consideram um movimento histórico de união da classe médica.
Representantes de diversas entidades se reuniram na manhã desta quinta-feira no CRM-MS. (Foto: João Garrigó)
Particular - Um dos principais pontos de questionamento dos profissionais é com relação ao valor pago pelos planos de saúde, que tem sido motivo de fechamento de consultórios e desvinculação de vários profissionais, que passam a atender somente particularmente.
Segundo Marco Antônio, houve aumento de 140% em relação ao valor pago pelo usuário dos planos de saúde, enquanto o acréscimo dado para os médicos ficou em torno de 50%. “A cor que estamos usando é a cor que está a saúde pública e privada”, disse.
Ele explica que o valor pago por consulta varia de plano em plano, com mínimo de R$ 25 e máximo de R$ 45. É preconizado que o médico, como qualquer profissional, trabalhe um montante, segundo Marco, de 20 horas semanas, o que corresponde a 4 horas diárias sem contar os finais de semana.
Também é pré-determinado que cada consulta dure, no mínimo, 15 minutos, o que resulta em 4 pacientes atendidos por hora.
O Campo Grande News fez então as contas. Um médico que trabalha ganhando o menor valor possível atendendo a essa quantidade de pacientes, receberá, ao fim das 4 horas, um montante de R$ 400. No final dos cinco dias da semana terá R$ 2 mil. Tomando por base que um mês têm em média 4 semanas, resultaria em um salário de R$ 8 mil.
No entanto, o presidente da Associação Médica fala a respeito das despesas de um médico. Ele calcula que um médico que trabalha sozinho em um consultório e tem gastos com aluguel, secretária, equipamentos, materiais descartáveis, impostos, além de água, luz, telefone e internet, desembolsa de R$ 2,5 a R$ 3 mil mensalmente.
Uma especialização, segundo ele necessária para que o profissional se mantenha atualizado, custa em torno de R$ 2500.
O resultado: um médico que trabalha nestas condições recebe em torno de R$ 2,5 mil por mês.
Protesto - Pela manhã vários médicos se reuniram na praça do Rádio Clube em uma ação de protesto.
A partir das 13 horas será realizada uma audiência Pública no Plenário da Assembléia Legislativa do Estado. O objetivo é discutir com a população a condição crítica em que se encontra a medicina suplementar.
quinta-feira, 7 de abril de 2011
Médicos querem valor de R$ 80 para consulta nos planos de saúde
18:49
Manchetes de Campo Grande-MS
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